sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Psicodelia Underground, parte 3 - Velvet Underground




Na terceira e ultima parte da serie Psicodelia Underground, vou falar sobre uma das bandas mais influentes dos anos 60, mas que, em vida, raramente experimentou o gosto do sucesso. Estou falando do Velvet Underground, que hoje é um dos nomes sagrados do Rock da década de 60 e seu líder, Lou Reed, ascendeu a condição de deus do Rock.
Formada por Lou Reed(Guitarra e Voz), John Cale(Violino e Baixo), Sterling Morrison(guitarra) e Maureen Tucker(Bateria). A banda Nova-Yorquina Velvet Underground, de caráter experimental e marginal, aliou-se ao artista plástico Andy Warhol, que agiu como produtor do album de estréia da banda: "The Velvet Underground e Nico". Mesmo com as mãos do famoso Andy Warhol- que ainda obrigou a banda a aceitar a cantora alemã Nico- não ouve sucesso comercial. O album seguinte "White Light/White Heat", não possuia participação de Warhol e, por consequência, nem de Nico. Um dos líderes, John Cale, saiu da banda, o que a deixou no total controle de Lou Reed. "The Velvet Underground" é o primeiro album sem Cale, dos 200 albuns da parada Billboard, este obteve o consagrado lugar de 199 posição . Posterior ao album de nome homônimo da banda, foi lançado o album de maior apelo comercial da banda "Loaded", com sucessos de FM como "Sweet Jane" e "Rock n' Roll". O último album de estúdio foi "Squeeze". Posterior a este foram lançados apenas albuns ao vivo.
O sucesso póstumo e a influencia da banda sobre grande parte dos rockeiros de hoje tem como explicação mais plausível o sucesso da carreira solo de Lou Reed e a ascenção do Rock independente.
A música do Velvet Underground tem como principais características o experimentalismo musical, a simplicidade nos arranjos(o que viria a influenciar o Punk), distorções e as letras que refletem principalmente o submundo urbano, recheado de drogas, orgias e outros acontecimentos, sempre tratados de forma imparcial, ou seja, nunca descamba para a apologia e nem para a condenação.
Dos albuns destaco os dois primeiros: "The Velvet Underground and Nico" e "White Light/White Heat". O primeiro é a obra-prima do Underground, adorada por músicos e críticos e que sempre marca presença em qualquer lista de 20 maiores albuns da historia do Rock. A faixa inicial, "Sunday Morning", é uma pequena pegadinha, pois é uma balada que beira a inocência e com melodia feita para fazer bebês dormirem. A verdadeira face de Lou Reed e seus colegas é mostrada na faixa seguinte, "Waiting for my man", em que é retratada a relação de interesses entre usuário e traficante de drogas, a faixa "Venus in Furs"(uma das minhas favoritas) fala sobre hedonismo sado-masoquista, "Run, Run, Run" é um rock poderoso com solos distorcidos, uma das drogas mais perigosas é retratada de forma inteligente, e não romantica como predominava o pensamento da época sobre drogas, na excelente "Heroíne", "There She Goes Again" fala sobre o assunto retratado em 70% das músicas: a mulher, "The Black Angel Dead" é um poema metafórico sobre rituais de ocultismo e para finalizar, a música "European Son" com seus menos de 1 minuto de letra e seus 6 minutos de improviso.
A cantora Nico ficou responsável pela voz de 3 faixas do album: "Femme Fatale"," All tomorrow's Parties" e "I'll Be Your Mirror". Destas o destaque vai para "All Tomorrow's Parties" que melhor combina com sua voz de contralto.
No album seguinte "White Light/White Heat", o Velvet seguiu uma linha mais baseada no barulho e no improviso. Destaque para a faixa titulo, para "The Gift" com a historia de Wando que se envia de presente para sua amada Marsha, para "I heard her call my name" com os solos de guitarra de Reed e a barulhenta "Sister Ray" com seus 17 minutos.
E curioso como o Velvet só foi fazer sucesso com o tempo como aliado, pois os temas das canções da banda mexem naquilo que o ser humano mais admira: a polêmica. Em termos de conteudo, os Velvets fazim os Rolling Stones parecerem uma banda de Madres Teresas de Calcuta. Porem diferentemente das outras duas bandas das quais comentei na serie Psicodelia Underground , o Velvet hoje (repetindo pela terceira vez) é uma das bandas mais influentes, o que contrasta com o obscurantismo que a banda amargou(não que eles se importassem com isso) na década de 60. 4 dos 5 discos do Velvet estão na lista dos 500 melhores da Rolling Stone, bandas "modernas" como os Strokes são fãs assumidos e seus albuns são tidos como "obrigatorios" para qualquer um que queira se especializar em Rock.

Com o Velvet eu termino a serie Psicodelia Underground, mas não posso dizer que não voltarei a abordar o assunto no futuro.



Clipe(ou quase isso) de "Waiting for my man"






Clipe(ou também quase isso) de Venus in Furs






Off: Foi necessario postar nesta sexta, pois estou ocupado nas terças-feiras.

3 comentários:

Brunella disse...

que beleza, Gabriel!
mais um ótimo texto, mais uma ótima banda!
parabéns pela série "psicodelia underground".
que venham outras!

um abraço!

Damn disse...

Bananas de Wharol para Lou Reed.

Cinéfilo disse...

Bom texto, Gabriel.
"Venus in Furs" é também o título de um livro de Leopold von Sacher-Masoch, cujo nome familiar deu origem ao termo masoquismo.

Sua linguagem está afiada.
Mas dê mais sua opinião.